domingo, 30 de junho de 2013

Orquídeas de Portugal em Londres

Bem, foi uma surpresa encontrar orquídeas terrestres portuguesas no London Orchid Show promovido pela Royal Horticultural Society nos passados dias 11 a 13 de Abril.

Embora a esmagadora maioria das orquideas fossem orquideas exóticas, cultivadas, oriundas da Asia ou América do Sul, havia em exposição e venda algumas orquídeas silvestres (o que os ingleses chamam hardy orchids) europeias.

E pelo menos uma delas – uma Serapias parviflora - foi reproduzida utilizando sementes vindas de Portugal, conforme informação do expositor.

Existiam ainda em exposição outras espécies tais como Spitanthes, Gennaria, Ophrys, Dactylorhiza e Platanthera.

A promoção do cultivo em jardins de orquídeas silvestres – que no Reino Unido assenta fundamentalmente em espécies dos géneros Dactylorhiza e Cypripedium – a partir de espécies cultivadas a partir da semente, ou por divisão meristemática, tem alguma expressão, existindo diversas empresas (embora de pequena dimensão) que se dedicam a este negócio.

Algumas destas espécies existem em Portugal, como por exemplo a D. maculata. Quem sabe se podem ser adaptadas a plantas de jardim ?

 
Aspeto da exposição


 A Serapias parviflora portuguesa






Orquideas terrestres à venda


 Um pormenor curioso: lá, como cá, a Epipactis palustris parece extinta …

Uma das orquídeas exóticas que comprei - Alaticaulis (Masdevallia) impostor – acabou de florescer agora em Junho com uma estranha e belíssima flor






sexta-feira, 21 de junho de 2013

A Neottia nidus-avis

A Neottia nidus-avis é das orquídeas simultaneamente mais estranhas e mais belas de Portugal. 

É conhecida apenas na Serra do Buçaco e em Trás-os-Montes (Serra da Nogueira e Vinhais), e é facilmente reconhecida pela sua cor amarelo-acinzentada.

Uma das poucas orquídeas existentes em Portugal (as outras são do género Limodorum) praticamente desprovida de clorofila, não possui assim a capacidade de produzir glicose a partir da fotossíntese e por isso alimenta-se de outros seres vivos autótrofos, direta ou indiretamente (heterotrofismo).

Por não possuir clorofila, não necessita de luz solar, pelo que aparece em zonas muito sombrias de bosques, no caso de Trás-os-Montes, de castanheiros.

Ao contrário das orquídeas autotróficas, a associação a um fungo (neste caso uma micorriza do  género Sebacina) não existe portanto apenas na fase de crescimento do embrião, mas prolonga-se por toda a vida da planta. Acaba por existir uma associação Neottia-fungo-castanheiros e outras plantas, que permite a sobrevivência desta orquídea.

Exemplares fotografados a 8 de Junho de 2013, junto a Gondesende, Bragança, descobertos pela Luisa Borges, Joaquim Pessoa e Duarte Marques.

 Grupos de plantas num bosque de castanheiros

 A Neottia nidus-avis

 



 
 Pormenores das flores

Grupo de inflorescências do ano anterior