quinta-feira, 28 de julho de 2016

A Anacamptis × simorrensis (E.G.Camus) H.Kretzschmar, Eccarius & H.Dietr.

Em S. Romão, Vagos, em terrenos que não são cultivados há muitos anos, existem grandes populações de Anacamptis coriophora e Anacamptis pyramidalis nas zonas mais secas, e Dactylorhiza elata nas zonas mais húmidas. E claro, diversas Serapias por todo o lado!

As populações de ambas as Anacamptis são de centenas de exemplares, e seria de esperar que existisse algum hibrido. Ainda por cima alguns amigos da AOSP informavam tê-los encontrado.

Mas com terrenos da ordem dos 60.000 m2, é uma busca complicada. Ao fim de 4 anos de buscas intensivas (o ano passado fui lá 5 vezes !), finalmente encontrei não um mas 2 híbridos. Foi a minha descoberta de 2016 !

Este cruzamento não é de todo frequente na natureza, mesmo em populações muito numerosas, como é o caso.

É mais parecida com a A. pyramidalis, da qual se destaca pela cor intensa, que nenhum dos progenitores tem.

Uma análise mais detalhada das flores, comparativamente com as dos progenitores, permite perceber as diferenças, ao nível do esporão e labelo.

O labelo pende para a A. coriophora, enquanto que o esporão é mais parecido com a A. pyramidalis

Fotografias tiradas a 13 de maio de 2016.

 
 Anacamptis pyramidalis

 
 Anacamptis pyramidalis (à frente) e Anacamptis × simorrensis (atrás à direita)

 Anacamptis pyramidalis (direita) e Anacamptis × simorrensis


 


 Anacamptis × simorrensis

Anacamptis × simorrensis (esquerda), Anacamptis pyramidalis (centro) e Anacamptis coriophora

quarta-feira, 11 de maio de 2016

A Cephalanthera longifolia

A Cephalanthera longifolia (L.) Fritsch é uma espécie relativamente comum, fácil de identificar, distribuída por todo o país, eventualmente à exceção do Baixo Alentejo e do Douro Litoral.

Desenvolve-se indiferentemente sobre solos arenosos, alcalinos ou ácidos, em orlas ou sob coberto. Em pinhais, azinhais e bosques caducifólios.

Não conheço quaisquer variantes, e penso que a designação não está sujeita a controvérsia. 

Faz parte do Anexo II da CITES – grau de proteção B - espécies cujo comércio deve ser controlado, apesar de não se encontrarem em perigo de extinção, de modo a evitar uma comercialização não compatível com a sua sobrevivência.



 Monsanto – Lisboa, 3-4-2005



 Serra de Montejunto, 28-3-2009

 Alverca, 7-4-2007



 Serra de Montejunto, 10-4-2011

quinta-feira, 5 de maio de 2016

“Orquideas Silvestres de Portugal – Guia de Campo”

Foi muito recentemente (no final de abril de 2016) publicado o novo livro de José Alfredo Brites Monteiro intitulado “Orquideas Silvestres de Portugal – Guia de Campo”.

Estão lá todas as orquídeas terrestres do continente, Açores e Madeira, incluindo subespécies, variedades e muitos híbridos. Inclui também chaves dicotómicas para identificações mais complexas.

Como refere o Prof. Jorge Paiva no Prefácio, “Trata-se, pois, de uma bela obra com qualidade didática e de grande utilidade para alunos, professores, aficionados pela Natureza e para quem passeia pelos nossos campos.”

Edição do Autor, custa 15€. Para já não estará à venda em livrarias. Nas áreas de Lisboa e Coimbra ou em eventos relacionados com o tema pode ser entregue em mão, nos outros locais acrescem portes de correio. Pedidos para o autor para jbritesmonteiro@gmail.com.


sexta-feira, 29 de abril de 2016

A Ophrys algarvensis



A Ophrys algarvensis foi descrita pela primeira vez da região do Algarve, por Tyteca, Benito & Walravens em 2003, e foi considerada como um dos 3 membros do grupo O. omegaifera, sendo que os restantes dois membros são O. vasconica e O. dyris, a partir de plantas recolhidas no Monte Morgado, entre Loulé e São Brás de Alportel.

Em Tyteca, D., J. Benito & M. Walravens 2003. Ophrys algarvensis, a new species from the southern Iberian Peninsula. Jour. Eur. Orch. 35(1): 65 (tradução livre feita por mim…)

* Planta com 2 a 5 (-6) flores, até 30-40 cm de altura.
* Sépalas com comprimento de 13,9 - 15,8 mm.
* Pétalas laterais com de 9,8 - 11, 7 mm.
* Labelo com 15,2 - 19,5 mm de comprimento, 11,8 - 15,3 mm de largura, com convexidade moderada, quase liso na base.
* Labelo com pilosidade fraca na base, mais forte na parte superior, mas permanecendo curta e que não excedendo a extremidade do bordo, devido à importância da margem glabra acastanhada a amarelada.
* Lóbulos laterais do labelo estreitos, ligeiramente curvados para trás.
* Margens do labelo formando, na base, um ângulo agudo (28 - 42º) em relação ao eixo central do labelo achatado. 
* Labelo com um lóbulo mediano relativamente longo, de 6,5 - 7,9 mm, atingindo normalmente de 2/3 a 4/5 ou mais da sua largura.

A O. algarvensis parece ser uma espécie de fato distinta, e é identificada pela ausência completa de qualquer sulco na base do labelo, o que é comum a todaos os membros do grupo O. omegaifera.

Com o precioso auxílio do amigo Pedro Mascarenhas andei a vê-las na zona de São Bartolomeu de Messines.

Como é comum nas Orchidaceae, a designação está sujeita a alguma controvérsia. A World Checklist of Selected Plant Families (http://apps.kew.org/wcsp/namedetail.do?name_id=255927), através da Plant List (http://www.theplantlist.org/tpl1.1/record/kew-255927), considera que a designação Ophrys algarvensis D.Tyteca, Benito & M.Walravens é um sinónimo de Ophrys omegaifera subsp. dyris (Maire) Del Prete.








quinta-feira, 14 de abril de 2016

De novo a Orchis xbivonae

Nos terrenos dos maciços calcários da Estremadura, existem grande populações (centenas de indivíduos) de Orchis anthropophora e Orchis italica, presentes no mesmo espaço e com florações simultâneas.
 
Nestes locais há uma elevada probabilidade da existência do híbrido Orchis xbivonae entre estas duas espécies, na minha opinião o híbrido mais abundante em Portugal.
 
Já o tinha encontrado na Serra de Montejunto, em Souselas e em Condeixa. Desta vez foi junto a Arruda dos Vinhos, numa encosta virada a Poente, onde encontrei 6 híbridos.




 

quarta-feira, 6 de abril de 2016

EXPO ORQUÍDEAS LISBOA 2016

 

 PALESTRAS (SÁBADO, DIA 9 DE ABRIL, NO AUDITÓRIO)



Auditório do Jardim Zoológico de Lisboa


A organização da EXPO ORQUÍDEAS LISBOA 2016 apresenta no Sábado, dia 9, no auditório do Jardim Zoológico onde decorrem em simultâneo as exposições e vendas de plantas, um conjunto de palestras muito interessantes e muito variadas com as quais os visitantes terão oportunidade de aprender muito mais sobre orquídeas.

Por termos lugares limitados, agradecemos que se reservem os lugares com antecedência para o email clube.orquidofilos.portugal@gmail.com

TEMAS DAS PALESTRAS

9h30 - Abertura do dia de palestras
9h35 - Caçadores de Orquídeas (em espanhol), por Manuel Lucas (Orchidarium de Estepona)
10h00 - As Espécies de Phalaenopsis e a sua influência nos híbridos de hoje (em inglês), por Jörg Frehsonke (Orchideen Lucke)
11h00 - Orchidaceae - Uma Perspectiva Etnobotânica, por Luís Mendonça de Carvalho, Museu Botânico de Beja
11h45 - O Orchidarium de Estepona (em espanhol), por Manuel Lucas (Orchidarium de Estepona), por Manuel Lucas (Orchidarium de Estepona)
12h30 - Orquídeas Silvestres de Portugal, por Alberto Cabral
14h00 - Orquídeas da Ásia (Viagens à Tailândia, Malásia, Cambodja e Singapura), por José M. M. Santos
15h00 - As Stanhopea (em inglês), por Rudolf Jenny, Swiss Orchid Foundation
16h00 - Mecanismos de Polinização das Orquídeas (em espanhol), por Manuel Lucas (Orchidarium de Estepona)
17h00 - O Género Coelogyne, Taxonomia, Morfologia e Cultivo,  por Michael Benedito
18h00 - Encerramento do dia de palestras

OS ORADORES


Manuel Lucas


Director botânico do Orchidarium de Estepona (Espanha). As orquídeas entraram na sua vida há vinte anos, antes dedicava-se aos répteis tropicais. É o director da revista "Orchidarium" na qual escreve frequentemente.

Jörg FREHSOKE


Responsável pela conceituada empresa alemã ORCHIDEEN LUCKE, viveiros produtores e vendedores de orquídeas. 

LUÍS MENDONÇA DE CARVALHO


Professor no IPBeja, Director do Museu Botânico do mesmo Instituto. Doutorado em Morfologia e Sistemática de Plantas. Visiting Scholar na Universidade de Harvard.

ALBERTO CABRAL


Engenheiro civil de profissão, mas desde sempre com um interesse muito especial pela flora de Portugal e desde 2000 pelas orquídeas silvestres. Desenvolve o intercâmbio e a colaboração no estudo e troca de informações sobre orquídeas portuguesas. Membro da direção da AOSP (Associação das Orquídeas Silvestres Portuguesas) e o autor do blogue ORQUÍDEAS DE PORTUGAL. Associado da Hardy Orchid Society e da AHO Baden-Württemberg.

JOSÉ M. M. SANTOS


Orquidófilo há mais de 30 anos. Presidente do Clube dos Orquidófilos de Portugal. Autor do livro "A Paixão pelas Orquídeas". Escreve regularmente sobre orquídeas na revista Jardins e é o autor do blogue GREENMAN. Trabalha no centro de jardinagem Jardins Sintra.

RUDOLF JENNY


Pesquisador no Jany Renz Herbarium da Universidade de Basel (Suiça). Trabalha com orquídeas há mais de 40 anos viajando na América Central e do Sul durante os seus estudos de Ecologia da Polinização e Taxonomia. Publicou mais de 450 artigos nas mais conceituadas publicações de todo o mundo e monografias dos géneros Gongora, Stanhopea, Paphinia e Sievekingia. Tem umas dar maiores bibliotecas privadas sobre orquídeas e mantém a maior base de dados gratuita de literatura sobre orquídeas, a BibliOrchidea. É autor dos livros "Stanhopea" e "...Of men and Orchids". 

MICHAEL BENEDITO


Madeirense, a paixão por orquídeas e outras plantas começou quando era muito novo. Tirou o curso de Biologia (variante Botânica) na Universidade da Madeira e tirou o diploma de Horticultura no Kew Gardens, em Inglaterra. Trabalho em Londres com o arquiteto paisagista Stefano Marinaz onde faz design de bordaduras, consultoria e manutenção.

segunda-feira, 21 de março de 2016

As primeiras de 2016

Como tem acontecido nos últimos anos, atraso-me sempre um pouco na abertura da época das orquídeas silvestres … que ainda por cima este ano foi muito mais cedo que o habitual, fruto das condições climáticas. Começou a haver registos de florações em novembro, no Algarve.

A minha primeira saída organizada foi a Santiago do Cacém, no âmbito de uma organização da AOSP. Zona de calcários do Quaternário, é muito rica em orquídeas.

Nesta altura, foram encontradas:
Anacamptis papilionacea
Ophrys bombyliflora
Ophrys fusca
Ophrys picta
Ophrys tenthredinifera

 Ophrys fusca


 Anacamptis papilionacea

 Ophrys tenthredinifera

 Ophrys picta

 Ophrys bombyliflora