quarta-feira, 27 de março de 2013

Mais uma espécie, desta vez do grupo O. omegaifera: Ophrys lenae



Na publicação referida no post anterior (Journal Europäischer Orchideen 44 (1): 2012, publicado por Tyteca e Lowe) é referida, a par da O. pintoi, uma outra espécie nova, desta vez do grupo O. omegaifera: a Ophrys lenae, cujo nome provém do Rio Lena, em cuja proximidade é encontrada.

Escuso de repetir as considerações relativas à sistemática, incluídas no post anterior, pelo que me limito a tentar descrever as características.


Esta espécie é basicamente um hibrido entre O. fusca e O. dyris, mas não ocasional, tendo evoluído para formar populações estáveis. O híbrido ocasional tem a designação de O. ×brigittae.
 

O sulco na base do labelo é moderado (entre os das O. fusca e O. dyris), e as dimensões relativas do mesmo são mais perto do quadrado que do retangular. O labelo tem uma forte curvatura longitudinal.

No mesmo local havia Orchis mascula, Ophrys tenthredinifera, Himantoglossum robertianum, e também Ophrys pintoi (curiosamente, e ao contrário do que é referido no artigo acima citado !).

A par de exemplares de altura normal, algumas O. tenthredinifera eram ainda mais pequenas que a O. pintoi. Mas a população desta espécie na zona era quase toda de reduzida altura.

Fotos tiradas em 23 de março de 2013, na Serra de Candeeiros. As plantas encontram-se na generalidade molhadas.


Aspeto do meio
Ophrys pintoi

Comparação entre os labelos de Ophrys pintoi (esquerda) e Ophrys lenae

Grupo de Ophrys lenae


2 exemplares de Ophrys lenae


2 vistas da mesma flor

Curvatura longitudinal da flor

 4 vistas de outra flor

Diversas flores de O. lenae

O. tenthredinifera anã

Pormenor da flor















segunda-feira, 11 de março de 2013

Ophrys pintoi, uma nova espécie do grupo O. fusca

A Flora Iberica reconhece 3 sub-espécies de O. fusca: fusca, dyris e binululata


Se estes taxa são sub-espécies ou espécies, é outra questão. A sistemática deste grupo, como aliás de muitos outros grupos de orquídeas, é muito complexa e controversa, dado a tendência atual de alguns estudiosos de atribuir valor taxonómico a pequenas diferenças morfológicas na pilosidade, tamanho, e coloração do labelo, diferenças fenológicas (data da floração, por exemplo), e até diferenças no agente polinizador.

Conforme os desenhos apresentados na Flora Iberica, estas 3 sub-espécies são tipicamente:


fusca
dyris
             
                                                                   binululata                                       

Como outras sub-espécies (ou espécies …) têm sido referenciadas lupercalis e arnoldii (referidas na própria Flora Iberica), mas ainda iricolor, lucifera, algarvensis, lucentina, subfusca

Esta diferenciação é baseada principalmente em variações de:
- Forma do labelo
- Convexidade ou planura do labelo e das suas margens
- Dimensão da orla amarela do labelo, caso exista
- Pilosidade


Posto isto, Tyteca e Lowe publicaram em 2012 no Journal Europäischer Orchideen 44 (1): 2012, a descrição de uma nova espécie, que nomearam de O. pintoi (em honra do botânico português António Rodrigo Pinto da Silva, falecido em 1992) que, basicamente, floresce antes da O. fusca e tem dimensões muito mais reduzidas. São populações existentes junto a Rabaçal e Ansião, no centro de Portugal.



 O. pintoi

No dia 2 de Março de 2013, enquanto que a O. fusca começava a aparecer, a O. pintoi já estava na parte final da floração. Quanto às dimensões, basta ver as fotos abaixo. O isqueiro é um vulgar modelo de bolso com 8 cm de altura, e a moeda é de 50 cêntimos.
 


 
Não têm margem amarela, tem reduzido número de flores por planta 1-2/4-5, e tem um labelo moderadamente convexo.

Interessante é ver, no mesmo espaço, embora em populações afastadas cerca de 200 m, e com orientações geográficas diferentes, O. fusca e O. pintoi.


O. pintoi, numa encosta virada a Norte
 
 No mesmo local havia Orchis mascula

 
 Orchis mascula e Ophrys pintoi

 Havia Ophrys tenthredinifera, Himantoglossum robertianum e também Ophrys fusca !

A Ophrys fusca começa agora a florescer